O CONTROLE REPRODUTIVO DE CORPOS FEMININOS: DA CAÇA AS BRUXAS À PRODUÇÃO DE VIDAS NUAS NA DEMOCRACIA BRASILEIRA
Resumo
A presente pesquisa traça um paralelo entre a obra histórica, Calibã e a bruxa, e a fictícia O conto da Aia. Em ambas, destaca-se a centralidade do poder soberano exercido sobre o corpo feminino como um mecanismo essencial de manutenção do poder moderno capitalista, restando como objetivo desta pesquisa verificar de que modo, e em que intensidade no atual contexto brasileiro, grande parte das violências direcionadas ao corpo das mulheres existentes no período de caça às bruxas e na distopia de Atwood já constituem uma realidade de controle reprodutivo e de vidas nuas das mulheres. O artigo estrutura-se em duas partes: na primeira apresenta o contexto histórico sobre o controle reprodutivo na época da caça às bruxas, e a segunda analisa a partir da democracia brasileira a constituição do patriarcalismo fundamentado no fundamentalismo religioso e no estado de exceção permanente. O método da pesquisa é considerado fenomenológico, visando uma revisão bibliográfica crítica de autores citados acima, possibilitando a interpretação de conceitos pela linguagem.Referências
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Tradução de Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004.
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
ATWOOD, Margareth. O conto da aia. Tradução de Ana Deiró. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.
BIROLI, Flávia. Aborto, justiça e autonomia. In: BIROLI, Flávia; MIGUEL, Luis Felipe (Orgs.). Aborto e Democracria. 1.ed. São Paulo: Alameda, 2016. p 17-46.
BITTENCOURT, Naiara Andreoli. A biopolítica sobre a vida das mulheres e o controle jurídico brasileiro. Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito, Centro de Ciências Jurídicas, Universidade da Paraíba. Nº 03, 2015, p. 225 – 245.
CASTRO, André Giovane de. Estado, punição e vida nua: o poder disciplinar penal e o controle biopolítico de privação de direitos na prisão. In: ZEIFERT, Anna Paula Bagetti; NIELSSON, Joice Graciele; WERMUTH, Maiquel A. Dezordi (Orgs). Biopolítica e direitos humanos: refletindo sobre as vidas nuas da conteporaneidade. Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2018. p. 47-62.
DINIZ, Débora; MEDEIROS, Marcelo; MADEIRO, Alberto. Pesquisa Nacional do Aborto 2016. Ciência & Saúde Coletiva, 22(2), 2017, p. 653-660.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. Trad. Coletivo Sycorax. Editora Elefante, 2017.
FERRAZZA, Daniele de Andrade; PERES, Wiliam Siqueira. Medicalização do corpo da mulher e criminalização do aborto no Brasil. Fractal: Revista de Psicologia, v. 28, n. 1, p. 17-25, jan.-abr. 2016.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-76). São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FOUCAULT, Michel. O nascimento da biopolítica. Tradução de Eduardo Brandão. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
HERRERA FLORES, Joaquín. De habitaciones proprias y otros espacios negados: una teoría crítica de las opresiones patriarcales. Spain: Universidad de Deusto, 2005.
NIELSSON, Joice Graciele. Mulheres e justiça: teorias da justiça da antiguidade ao século XX sob a perspectiva crítica de gênero. 1º ed. Curitiba: Appris, 2018.
PATEMAN, Carole. O contrato sexual. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1993.
SEGATO, Rita Laura. La escritura en el cuerpo de las mujeres asesinadas en Ciudad Juárez. 1a. ed. Buenos Aires: Tinta Limón, 2013.
SEGATO, Rita Laura. La guerra contra las mujeres. Madrid: Traficantes de Sueños, 2016.
SUTTON, Barbara. Zonas de clandestinidade y “nuda vida”: mujeres, cuerpo y aborto. Estudos Feministas, Florianópolis, 25(2): 562, maio-agosto/2017, p. 889-902.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Ao submeter artigos à Revista Paradigma o autor já autoriza sua publicação em caso de aprovação após o devido processo de avaliação, ciente da política de acesso livre do periódico.
O autor declara ciência de que serão publicadas todas as informações consignadas na submissão, incluindo nome, afiliação, titulação e endereço eletrônico.