A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PARTO E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Autores

  • Aneline Kappaun Mestranda do PPGD da Universidade de Santa Cruz do Sul - RS https://orcid.org/0000-0003-4671-0801
  • Marli M. Moraes da Costa Professora da Graduação e da Pós-Graduação Lato Sensu em Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. Professora do Programa de Pós-Graduação em Direito - Mestrado e Doutorado da UNISC. Coordenadora do Grupo de Estudos Direito, Cidadania e Políticas Públicas do PPGD da UNISC. http://orcid.org/0000-0003-3841-2206

Resumo

 

O parto passou por várias transformações ao longo do tempo, ele sobreveio de um acontecimento ocorrido no seio familiar para um ato institucionalizado. Assim o objetivo principal do presente artigo é elucidar como a institucionalização do parto contribuiu para o desdobramento da violência obstétrica na contemporaneidade. De tal modo, passou-se a analisar utilizando-se do método dedutivo, e da pesquisa bibliográfica em artigos, livros e manuais, primeiramente, a história do parto, partindo das parteiras fundamentadas em conhecimentos empíricos, chegando-se aos médicos obstetras com uma série de equipamentos, os quais acabaram não remediando as dores do parto, todavia, negativamente, aumentando as graves violências sofridas. Concluiu-se que a institucionalização do parto, sem dúvida, gerou o agravamento das violências perpetradas contra as gestantes e parturientes, tendo em vista fatores como: a condição de superioridade do “saber” médico sobreposta as necessidades das mulheres, bem como a utilização indiscriminada de procedimentos causadores de sofrimentos físicos e psíquicos  nas parturientes e neonatos.

Biografia do Autor

Aneline Kappaun, Mestranda do PPGD da Universidade de Santa Cruz do Sul - RS

Mestranda em Direito pelo PPGD da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, linha de pesquisa Políticas Públicas de Inclusão Social. Integrante do Grupo de Pesquisas Direito, Cidadania & Políticas Públicas coordenado pela Pós-Dra. Marli Marlene Moraes da Costa, ligado ao Programa de Pós- Graduação em Direito - Mestrado e Doutorado da UNISC e certificados pelo CNPq. Advogada OAB/RS 96.370. Especialista em Direito Civil e Direito Empresarial com Capacitação para o Magistério no Ensino Superior pela Faculdade Damásio de Jesus. E-mail: aneline.k@hotmail.com.

Marli M. Moraes da Costa, Professora da Graduação e da Pós-Graduação Lato Sensu em Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. Professora do Programa de Pós-Graduação em Direito - Mestrado e Doutorado da UNISC. Coordenadora do Grupo de Estudos Direito, Cidadania e Políticas Públicas do PPGD da UNISC.

Doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, com pós-doutoramento em Direito pela Universidade de Burgos - Espanha, com bolsa CAPES. Professora da Graduação e da Pós-Graduação Lato Sensu em Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. Professora do Programa de Pós-Graduação em Direito - Mestrado e Doutorado da UNISC. Coordenadora do Grupo de Estudos Direito, Cidadania e Políticas Públicas do PPGD da UNISC. Especialista em Direito Privado. Psicóloga com Especialização em Terapia Familiar. Membro do Conselho Consultivo da Rede de Pesquisa em Direitos Humanos e Políticas Públicas. Membro do Núcleo de Pesquisas Migrações Internacionais e Pesquisa na Região Sul do Brasil - MIPESUL. Integrante do Grupo de Trabalho em Apoio a Refugiados e Imigrantes (GTARI/UNISC). Membro do Conselho Editorial de inúmeras revistas qualificadas no Brasil e no exterior. Autora de livros e artigos em revistas especializadas. E-mail: marlim@unisc.br.

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Publicado

2020-10-13

Como Citar

Kappaun, A., & da Costa, M. M. M. (2020). A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PARTO E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA. Revista Paradigma, 29(1), 71–86. Recuperado de https://revistas.unaerp.br/paradigma/article/view/1446