GIGANTES OU MOINHOS DE VENTO? A RESPOSTA DE GORENG, FERRAJOLI E QUIXOTE

Resumo

O paradigma constitucional contemporâneo está em permanente estado de crise, diante do enfraquecimento do estado de direito, da degeneração das instâncias públicas e da subjugação das forças políticas. Tal realidade, ilustrada no filme O poço, e presente, séculos atrás, na obra clássica Dom Quixote de La Mancha, é atualmente corroborada por um vazio de direito público nos espaços de natureza privada, que induz à esterilização das bases sociais, ao comprometimento das representações populares nas esferas eletivas, à manipulação dos órgãos de governo em desfavor da coletividade e, por conseguinte, à recorrente violação dos direitos fundamentais. Considerando que afiançar a hegemonia dos selvagens e desregulados poderes econômicos conduzirá a humanidade a uma hecatombe sem precedentes, o presente ensaio – que correlaciona cinema, literatura e garantismo - busca apresentar o “ainda utópico” constitucionalismo global, de Luigi Ferrajoli, como possível vetor de combate aos atuais e graves processos desconstitutivos da democracia.