LIMITES DE FORÇA PROCESSUAL DA PROVA INDICIÁRIA NO DIREITO PENAL EM FACE DO PRINCIPIO DA NÃO CULPABILIDADE – ESTUDO DE CASO
Palavras-chave:
Prova Indiciária. Processo Penal. Direitos e Garantias Fundamentais. Habeas Corpus.Resumo
Pretendemos no presente texto avaliar qual a força processual das chamadas provas indiciárias, e como elas podem e devem ser interpretadas/aplicadas no processo penal, colocando como problema a ser enfrentado o de sabermos em que medida tais provas podem impactar ou reduzir garantias e direitos fundamentais de pessoas investigadas e processadas criminalmente no Brasil. A hipótese neural que elegemos para esta reflexão é a de que a espécie de prova indiciária tem função importante no âmbito da apuração do fato criminoso enquanto fenômeno social, no que tange a sua materialidade propriamente dita e autoria, assim como culpabilidade, mas precisa sempre ser tratada sem perder de vista os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos. Enquanto objetivos específicos, vamos: (i) demarcar alguns conceitos neurais sobre a prova penal em geral e suas modulações epistêmicas, pois inexoráveis à solução de demandas judiciais; (ii) analisar o caso concreto julgado diante das premissas indicadas, decidido pela Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, em sede de habeas corpus - HC, envolvendo a decretação de medidas restritivas da liberdade de duas pacientes, verificando em que medida a dita prova indiciária autoriza estas situações.
Referências
ALLEN, Ronald J. Factual ambiguity and a theory of evidence. In Northwestern University Law Review, v. 88, n. 2, 1993.
BADARÓ, Gustavo H. A busca da verdade no processo penal e seus limites: ainda e sempre o problema do prazo de duração da interceptação telefônica. In http://www.badaroadvogados.com.br/download.php?f=3ae6b86f3f3f8579c2435cbf131a40b7, acesso em 24/07/2020.
______. O ônus da prova no processo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
______. Epistemologia judiciária e prova penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
BELEZA, Teresa Pizarro e COSTA PINTO, Frederico de Lacerda da. (org.) Prova criminal e direito de defesa. Coimbra: Almedina, 2014.
BENTO, Ricardo Alves. Presunção de inocência no processo penal. São Paulo: QuartierLatin, 2007.
CAFFERATA NORES, José. La prueba en el proceso penal. Buenos Aires: Depalma, 2008.
CARNELUTTI, Francesco. La prueba civil. Buenos Aires: Depalma, 1982.
CARVALHO, Luis Gustavo Grandinettti Castanho de. Processo Penal e Constituição. São Paulo: Saraiva, 2014.
DALLAGNOL, Deltan Martinazzo. As lógicas das provas no processo – prova direta, indícios e presunções. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2018.
DE SANTOS, Victor. La prueba judicial. Buenos Aires: Astrea,1994.
DESIMONI, Luis María. La evidencia en materia criminal. Buenos Aires: Ábaco de Rodolfo De palma, 2008.
ECHANDÍA, Hernando Devis. Teoría general de la prueba judicial. Vol. I. Madrid: Temis, 2014.
FENOLL, Jordi Nieva. La valoración de la prueba. Madrid: Marcial Pons, 2015.
FERRAJOLI, Luigi. Diritto e Ragione – teoria del garantismo penale. Roma: Laterza, 1997.
FERRER BELTRÁN, Jordi. La valoración racional de la prueba. Madrid: Marcial Pons, 2007.
----. Prueva y verdade en el derecho. Madrid: Marcial Pons, 2005.
GASCÓN ABELLÁN, Maria. Los hechos en el derecho. Bases argumentales de la prueba. Madrid: Marcial Pons, 2010.
GIACOMOLLI, Nereu. O devido processo penal: abordagem conforme a Constituição Federal e o Pacto de São José da Costa Rica. São Paulo: Atlas, 2015.
GOMES FILHO, Antonio Magalhães. Direito à prova no processo penal. São Paulo: RT, 1996.
GONZALES, Alfredo Bullard. El uso de la prueba indiciária. In Revista Época, Ano 2, vol.25. Lima: Themis, 2005.
GRINOVER, Ada Pellegrini. Provas ilícitas, interceptações e escutas. Brasília: Gazeta Jurídica, 2013.
GUZMÁN, Nicolás. La verdad en el processo penal. Ciudad Autonoma de Buenos Aires, 2018.
JAUCHEN, Eduardo M. Tratado de la prueba en materia penal. Buenos Aires: Argentina, Rubinzal Culzoni, 2002.
KHALED JR., Salah H. A busca da verdade no processo penal – para além da ambição inquisitorial. Belo Horizonte: Caso do Direito, 2016.
KNIJNIK, Danilo. Os standards do convencimento judicial: paradigmas para o seu possível controle. In Revista Forense, Rio de Janeiro, n.353, jan.-fev. 2001.
LAUDAN, Larry. Por qué un estándar de prueba subjetivo y ambiguo no es un estándar. In DOXA, Cuadernos de Filosofía del Derecho, n. 28, p. 95-113, 2005.
LEAL, Rogerio Gesta. O Direito Penal e Processual Penal na Sociedade de Riscos: aspectos teóricos e pragmáticos (estudos de casos). São Paulo: Tirant lo Blanch, 2020.
----. Responsabilidade penal do patrimônio ilícito como ferramenta de enfrentamento da criminalidade. Porto Alegre: FMP, 2017, acesso em http://www.fmp.edu.br/servicos/285/publicacoes/.
MANZANO, Luís Fernando de Moraes. Conceito de indícios de autoria e prova da materialidade delitiva para a decisão de pronúncia. In: Doutrinas Essenciais Processo Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, vol.3, p.847/883, junho de 2012.
MARTINS PINTO, Felipe. Presunção de Inocência – estudos em homenagem ao professor Eros Grau. Belo Horizonte: Instituto dos Advogados de Minas Gerais, 2020.
MENDES, Paulo de Souza. Causalidade complexa e prova penal. Madrid: Marcial Pons, 2019.
MIRANDA COUTINHO, Jacinto Nelson de. Glosas ao “Verdade, dúvida e certeza”, de Francesco Carnelutti, para os operadores do Direito. In Observações sobre a propedêutica processual penal. Curitiba: Observatório da Mentalidade Inquisitória, 2019.
----. Quando se fala de verdade no processo penal, do que se fala? Disponível no site do CONJUR, https://www.conjur.com.br/2020-jun-26/limite-penal-quando-verdade-processo-penal, acesso em 24/07/2020.
MIRANDA ESTRAMPES, Manuel. La mínima actividad probatoria en el proceso penal. Barcelona: Bosch, 1997.
MITTERMAIER, Karl Joseph Antón. Tratado de la prueba en materia criminal. Madrid: Reus, 2004.
MORAES, Maurício Zanoide de. A presunção de inocência no processo penal brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
MORENO COSTA, Silvestre. Tratado de las pruebas judiciales. México: Macabsa, 1992.
NARDELLI, Marcella Mascarenhas. Presunção de inocência, standards de prova e racionalidade das decisões sobre os fatos no processo penal. In SANTORO, Antonio Eduardo Ramires; MALAN, Diogo Rudge; MADURO, Flávio Mirza. (Org.). Crise no processo penal contemporâneo: escritos em homenagem aos 30 anos da Constituição de 1988. Belo Horizonte: D'Plácido, 2018.
PARRA, Jairo. Tratado de la prueba judicial - indicios y presunciones. Bogotá: Editorial ABC, 2015.
PEREIRA, Flávio Cardoso (org.). Verdade e prova no processo penal – estudos em homenagem ao professor Michele Taruffo. Brasília: Gazeta Jurídica, 2016.
PRADO, Geraldo. Prova penal e sistema de controles epistêmicos. São Paulo: Marcial Pons, 2014.
SALAVERRIA, Juan. Valoración de la prueba, motivación y control en el proceso penal. Valencia: Tirant lo Blanch, 1995.
SALGADO, Daniel de Resende e QUEIROZ, Ronaldo Pinheiro de. (org.). A prova no enfrentamento à macrocriminalidade. Salvador: Juspodivm, 2016.
SÁNCHEZ VELARDE, Pablo. El nuevo proceso penal. Lima: Editorial IDEMSA. 2019.
SERRA DOMÍGUEZ, Manuel. Estudios de derecho procesal. Barcelona: Ariel, 1969.
TARUFFO, Michele. La símplice verità. Il giudice e la costruzione dei fatti. Roma: Laterza, 2009.
TARUFFO, Michele. Rethinking the standards of proof. In American Journal of Comparative Law, v.659, 2003.
VARGAS, Gustavo Peláez. Indícios y Presunciones.In file:///Users/unisc/Downloads/Dialnet-IndiciosYPresunciones-5212322.pdf, acesso em 13/09/2018.
VÁZQUEZ, Carmen (Org.). Estándares de prueba y prueba científica: ensayos de epistemología jurídica. Madrid: Marcial Pons, 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Rog´ério Gesta Leal
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Ao submeter artigos à Revista Paradigma o autor já autoriza sua publicação em caso de aprovação após o devido processo de avaliação, ciente da política de acesso livre do periódico.
O autor declara ciência de que serão publicadas todas as informações consignadas na submissão, incluindo nome, afiliação, titulação e endereço eletrônico.