A GENEALOGIA DA “IDEOLOGIA DE GÊNERO”
Palavras-chave:
Estudos de gênero. Ideologia de gênero. Igualdade de gênero.Resumo
Os estudos de gênero são um campo acadêmico relevante que mudou o modo como compreendemos a organização social, passando a influenciar lutas políticas na busca por direitos. Com a internacionalização e o aumento do da organização de movimentos progressistas a fim de demandar liberdades individuais e coletivas, passaram a existir atitudes de destacados atores reacionários nas altas esferas diplomáticas no sentido contrário, buscando limitar essas conquistas. Grupos conservadores e reacionários, buscando frear os mecanismos de reivindicação de direitos, deram abertura a grupos radicais dentro de suas esferas de possibilidade, incentivando-os indiretamente a realizar propaganda junto ao público em geral. Apesar de algumas ações de determinados atores serem razoavelmente bem documentadas na bibliografia existente, persistem lacunas quanto à ligação entre a reivindicação por direitos, feitas especialmente pelos movimentos feministas, e a reação de instituições e Estados, além de lacunas sobre como o cenário internacional influenciou o surgimento do sintagma “ideologia de gênero”. É isso o que este artigo pretende explorar, inicialmente contextualizando o surgimento, o histórico, as adoções e transformações do conceito de gênero em âmbito acadêmico, ao mesmo tempo em que demonstra as influências políticas causadas por tal conceito, principalmente por meio de análise de documentos resultantes de reuniões e eventos diplomáticos.
Referências
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
DE OLIVEIRA, K.; DA SILVA, E. S.; SALVA, S. Relações de Gênero e Educação. Rev. Sociais e Humanas, Santa Maria, 24 (2), jul./dez. 2011. 101-110.
FAVIER, A. Catholics and gender: A Historical Approach. In: Books & Ideas. [S.I.] mar. 2012. Disponível em: https://booksandideas.net/Catholics-and-gender.html. Acesso em: 08 jun. 2018.
FAVIER, A. La réception catholique des études de genre. In: HAL-Sciences de l'Homme et de la Société. Lille, set. 2012. Disponível em: https://halshs.archives-ouvertes.fr/halshs-00765786/document. Acesso em: 08 jun. 2020.
FOUCAUT, M. Microfísica do Poder. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
GIFFIN, K. Violência de gênero, sexualidade e saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 10 (1), 1994. S146-S155.
GUARNIERI, T. H. Os Direitos das Mulheres no Contexto Internacional - Criação da ONU (1945) à Conferência de Beijing (1995). Revista Eletrônica da Faculdade Metodista, nº 8, 2010.
HAIG, D. The Inexorable Rise of Gender and the Decline of Sex: Social Change in Academic Titles, 1945–2001. Archives of Sexual Behavior, 33 (2), 2004. 87-96.
JUNQUEIRA, R. D. A invenção da “ideologia de gênero”: a emergência de um cenário político-discursivo e a elaboração de uma retórica reacionária antigênero. Psicologia Política, 18 (43), 2018. 449-502.
LAQUEUR, T. W. Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos a Freud. Rio de Janeiro: Dumará, 2001.
MACHADO, M. D. D. C. O discurso cristão sobre a “ideologia de gênero”. Estudos Feministas, Florianópolis, 26 (2) e47463, 2018. 1-18.
MAGAR, V. Gender, health and the Sustainable Development Goals. Bulletin of the World Health Organization, Genebra, v. 93 (11), p. 743.
OLIVEIRA, A. P. G.; CAVALCANTI, V. R. S. Violência doméstica na perspectiva de gênero e políticas públicas. Rev. bras. crescimento desenvolv. hum., São Paulo, 17, abr. 2007. 39-51.
REIS, T.; EGGERT, E. Ideologia de gênero: uma falácia construída sobre os planos de educação brasileiros. Educ. Soc. [online], Campinas, 38 (138), 2017. 9-26.
SCAVONE, L. Estudos de gênero: uma sociologia feminista?. Estudos Feministas, Florianópolis, Abr. 2008. 173-186.
SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, 16, jul./dez. 1990. 71-99.
SEN, A. K. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
STOLCKE, V. La mujer es puro cuento: la cultura del género. Estudos Feministas, Florianópolis, mai./ago. 2004. 77-105.
UDRY, J. R. The Nature of Gender. Demography, Chapel Hill, 31 (4), 1994. 561-573.
UNITED NATIONS. Economic and Social Council. Report of the 3rd session of the Commission on the Status of Women (21 March - 4 April 1949). New York: UN, 1949.
UNITED NATIONS. Economic and Social Council. Report of the Commission on the Status of Women (fourth session). New York: UN. 1950.
UNITED NATIONS. Economic and Social Council. Report to the Economic and Social Council on the 1st session of the Commission, held at Lake Success, New York, from 10 to 24 February 1947. New York: UN, 1947.
UNITED NATIONS. General Assembly. INTERNATIONAL Women's Year, 1975; United Nations General Assembly Resolution 3010 (XXVII) adopted at the 2113th plenary meeting on 18 December 1972. New York: UN, 1974.
UNITED NATIONS. Report of the Fourth World Conference on Women, Beijing, 4-15 September 1995. New York. 1996.
UNITED NATIONS. Report of the World Conference of the International Women's Year, Mexico City, 19 June-2 July 1975. New York: UN, 1976.
UNITED NATIONS. Report of the World Conference to Review and Appraise the Achievements of the United Nations Decade for Women: Equality, Development and Peace, Nairobi, Kenya, 15 - 26 July 1985. New York: UN,1986.
UNITED NATIONS. World Conference of the United Nations Decade for Women : Equality, Development and Peace, Copenhagen, 14 to 30 July 1980: report. New York: UN, 1980.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Paula Pinhal de Carlos, Gabriel Fernandes Mafioletti

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Ao submeter artigos à Revista Paradigma o autor já autoriza sua publicação em caso de aprovação após o devido processo de avaliação, ciente da política de acesso livre do periódico.
O autor declara ciência de que serão publicadas todas as informações consignadas na submissão, incluindo nome, afiliação, titulação e endereço eletrônico.