ESTÉTICA DA INCOMPLETUDE: O DISCURSO IMAGÉTICO NOS ESTUDOS DO DESIGN GRÁFICO
Resumo
Filiada às proposições teóricas da Análise do Discurso (FOUCAULT, 2016; PÊCHEUX, 2018), esta pesquisa parte do princípio de que todo significante é incapaz de tudo significar: se à língua é impossível tudo dizer, à imagem é impossível tudo mostrar. A imagem é sempre incompleta, é falta, desejo por uma completude que só pode ser buscada em outras imagens; a significação imagética, portanto, deve ser buscada não somente no visível da imagem, mas também no que lhe falta. Essa falta é constituída pelo fora-campo e pelo extracampo (AUMONT, 2012), mas também por reminiscências gráficas que antecedem a significação no instante do encontro do espectador com o visível da imagem. Na Análise do Discurso essa memória coletiva é chamada de Memória Discursiva, um efeito do discurso que fornece pressupostos que regulam a significação a partir do já-significado. Contudo, para sustentar a noção de Memória Discursiva no campo de estudos da imagem e do design gráfico, propomos a noção de Memória Imagética Discursiva, buscando na concepção de Memória Gráfica, conforme proposta por Priscila Farias (2016), fundamentos para uma prática discursiva imagética calcada na relação da imagem com a cultura visual, propondo assim uma visada teórica das práticas do design gráfico que leve em consideração noções como história, ideologia, memória discursiva e sujeito.