DIREITO AO RECONHECIMENTO: AS AÇÕES AFIRMATIVAS E O ATIVISMO JUDICIAL COMO INSTRUMENTOS DE CONCRETIZAÇÃO DE DIREITOS.

Autores

  • Wendell Luís Rosa UNAERP
  • Juvêncio Borges Silva UNAERP

Palavras-chave:

reconhecimento; judicialização; ativismo.

Resumo

O presente artigo busca analisar as teorias de Axel Honneth e Nancy Fraser em face das lutas por reconhecimento na contemporaneidade, e aferir em que medida as ações afirmativas e o ativismo judicial se constituem como instrumentos de concretização de direitos. Desta forma, num primeiro momento considera-se o direito ao reconhecimento, constatando que na segunda metade do século XX, mormente após a derrocada da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e do socialismo por ela propugnado, as lutas de classe foram substituídas pelas lutas por reconhecimento intersubjetivo. De um lado Honneth defende que o desrespeito atinente à falta de reconhecimento é a raiz dos conflitos sociais e, por conseguinte, a força motriz para os movimentos sociais; de outro lado Fraser, por sua vez, trabalha com duas perspectivas: o reconhecimento e a redistribuição, fundamentando que a falta de reconhecimento não implica necessariamente em desigualdade econômica. Fato é que o direito ao reconhecimento tem sido objeto de judicialização e, não raramente, têm recebido respostas ativistas. Da pesquisa pôde-se concluir que, se por um lado a judicialização decorre do fenômeno da constitucionalização do direito, o ativismo, por outro, atenta contra a estabilidade institucional, a separação de poderes e a própria democracia. Por sua vez, tanto o reconhecimento quanto a redistribuição enfrentam óbices no que se refere à mudança das estruturas sociais, fazendo-se necessária uma ação transformativa da realidade social. O método utilizado foi o analítico-dedutivo, com fulcro em livros e artigos científicos.

 

Biografia do Autor

Wendell Luís Rosa, UNAERP

Possui graduação em Direito pela Universidade de Franca (2005) e mestrado em Direitos Coletivos e Cidadania pela Universidade de Ribeirão Preto (2008). Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Penal e Processo Penal, atuando principalmente nos seguintes temas: teoria geral do direito penal, legislação penal especial e prática penal. Atualmente encontra-se em vias de concluir seu doutoramento junto à Universidade de Ribeirão Preto.

Juvêncio Borges Silva, UNAERP

Possui graduação em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia de Passos (1992), graduação em Direito pela Faculdade de Direito de Franca (1997), mestrado em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (2000), doutorado em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2005), pós-doutorado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. É docente titular a-m da Associação de Ensino de Ribeirão Preto e docente do Centro Educacional Hyarte - ML Ltda. Tem experiência na área de Direito, Sociologia, Filosofia e Ciência Política, com ênfase em Direito Civil,  Direitos Coletivos, Sociologia Clássica e contemporânea, Sociologia do Direito, Filosofia Geral e do Direito e Teoria do Estado, atuando principalmente nos seguintes temas: Direitos coletivos e cidadania, direitos coletivos e políticas públicas, Estado e globalização, Estado e sociedade civil, Direito e Sociedade, teoria do direito, teoria política e religião. É líder do grupo de pesquisa Direitos Coletivos, Políticas Públicas e Cidadania que se reúne regularmente na Universidade de Ribeirão Preto para debater os diversos temas relacionados à temática do grupo e do grupo de Pesquisa Direito, Estado e Sociedade. Sua pesquisa atual concentra-se no estudo dos direitos coletivos e na relação entre a tutela coletiva e as políticas públicas, enfocando o diálogo entre o jurídico e o político, a juridicização da política e a polítização da justiça, nas ações coletivas como instrumento de controle das políticas públicas, e nas ações coletivas e políticas públicas como instrumentos de efetivação da cidadania.

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Publicado

2022-03-04

Como Citar

Rosa, W. L. ., & Silva, J. B. . (2022). DIREITO AO RECONHECIMENTO: AS AÇÕES AFIRMATIVAS E O ATIVISMO JUDICIAL COMO INSTRUMENTOS DE CONCRETIZAÇÃO DE DIREITOS. Revista Paradigma, 31(1), 240–268. Recuperado de https://revistas.unaerp.br/paradigma/article/view/2643

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